Gazy
Andraus[1]
Felipe Rodrigues abre seu recente lançamento, o Glossário de Publicações Alternativas, explicando
que ele é resultado de uma pesquisa de artigo e TCC na área de biblioteconomia
da UNB, cujo curioso título foi “Catalogação de publicações alternativas: um
estudo sobre o fanzine e o cordel”! Muitos anos atrás, eu e o pesquisador
pioneiro da área de fanzines do Brasil, Henrique Magalhães, fizemos também quase
ao mesmo tempo (e sem o sabermos), artigos elencando proximidades entre o
cordel e o fanzine para apresentar num congresso acadêmico de comunicação que
ocorria no Brasil. Era um período de fervilhamento da valorização dos
quadrinhos com novos pesquisadores despontando, mas também da anunciação acadêmica
dos fanzines, pois que muitos deles no Brasil eram os que unicamente promoviam
a publicação de quadrinhistas nacionais, sejam amadores mas também
profissionais, num período que as histórias em quadrinhos – HQs – ainda eram um
problema de ordem nacional, com relação às parcas publicações de autores
brasileiros, bem distinto do panorama atual, e que muitos desses jovens hodiernos
sequer suspeitam tê-lo sido (e que os zines, à época, foram a tábua de salvação
dos que queriam publicar suas HQs no Brasil).
Pois bem, esta edição como glossário do pesquisador
Rodrigues vem num bom momento em que o mundo se preocupa cada vez mais com a consciência
da autoralidade, sendo que os fanzines e publicações alternativas refletem tais
questões, junto a outras como o “do it yourself” do faça você mesmo (inclusive,
um excelente programa de humor brasileiro, o “Tá no Ar: a TV na TV” apresentou
um quadro de 1’
inserindo nele algo sobre fanzines de HQs autobiográficos[2]”).
Em seu compêndio, Felipe Rodrigues relata ter pesquisado acerca dos xZINECOREx
e Zluc, ambos sendo caminhos novos que buscam catalogar e registrar o nicho
editorial dos fanzines. Por coincidência, o autor possui (junto com Luciana
Ribeiro) um sebo virtual (“Sebo Escafandro[3]”)
que concentra a produção alternativa, incluindo posters, zines, discos, dentre outros
materiais alternativos, criado a partir da feira de artes e publicações
alternativas chamada “Escafandro”, já em sua sétima edição. Algo muito
semelhante a outros eventos nacionais e internacionais, como a Feira Plana de São
Paulo, e outros como o Zineland Terrace[4]
que ocorre dentro do TCAF - Toronto Comic Arts Festival (em Toronto, no Canadá).
Inclusive, na University of Miami, existe uma seção de coleções especiais,
das quais faz parte um acervo enorme de mais de 5000 fanzines, cuja catalogação
é possível até ser consultada em seus dados principais (capa, autoria, tema etc[5]).
Com relação ao ponto focal aqui dirigido, o glossário de
publicações alternativas, seu autor expõe que elencou 77 termos relacionados, e
que podem ser de utilidade aos “bibliotecários, fanzinotecários, entusiastas
das impressões alternativas e curiosos em geral".
Aqui alguns exemplos que
ele insere[6]: os
“Dojinshis”: o equivalente no Japão aos nosso fanzines. O autor também explica
o significado dos termos “dojin” e “shi”; o “Fandel”, fanzine sobre cordel; o “Fanzinato”:
cenário que representa a produção zineira de uma região; a “Xilogravura”:
gravura feita a partir de uma matriz de
madeira; e o “Zinismo”: filosofia de fazer fanzines; dentre muitos outros
termos!
Em tempos atuais, em que a multidão mundial se apercebe também
como coautora dos ditames da vida (ou que assim se apercebe caminhar a
atualidade), um glossário como este é bem útil, incluindo, obviamente, a necessidade
dele auxiliar os bibliotecários atuais que precisam lidar com variáveis que não
mais comportam apenas os tomos livrescos!
Parabéns a seu autor e à sua obra, que por enquanto pode ser
adquirida virtualmente pela internet no “Medium” em https://medium.com/@felipe.rodrigues87/gloss%C3%A1rio-de-publica%C3%A7%C3%B5es-alternativas-2019-17669a45f059
e no “ISSUU” em https://issuu.com/seboescafandro/docs/glosszine?fbclid=IwAR0nCMONGpaqVQhSV_g84fTJJ83tLtRxu66mHytMEaSbVpTlsaMXOP0M13c
Gazy Andraus, 08/03/1019
[1] Aprovado em
1º para o pós-doutorado no Ppgacv-Arte e Cult.
Visual da UFG, Doutor em Ciências da Comunicação pela USP, mestre em Artes
Visuais pela UNESP, autor e pesquisador de HQs e Fanzines de temática
fantástico-filosófica. yzagandraus@gmail.com,
http://tesegazy.blogspot.com/
[2] O
programa da TV Glçobo capitaeado por Marcelo Adnet e Marcius Melhem nomeou a
vinheta de “Univintage” exibida dentro do programa Ta no ar: a TV na TV” do dia
5 fev 2019.
[5] Algo
similar ao que intentam os já mencionados xZINECOREx e Zluc. Veja aqui uma amostra do
acervo: https://merrick.library.miami.edu/cdm/search/collection/zines
[6] Eu
sintetizei as descrições aqui.
Puxa, estou curioso para ver se ele nao esqueceu de falar do meu fanzine, disponivel em https://sites.google.com/site/barataeletricafanzine/
ResponderEliminarOlá @barataeletrica, na verdade, é um glossário que contém 77 verbetes, do universo das publicações alternativas.
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