segunda-feira, 7 de junho de 2021

Museu e Gibiteca de Quadrinhos - parte da história das HQB (Histórias em Quadrinhos brasileiras)!

 Em conversa que tive nesta data (via whatsapp) com a Profa. Sonia Luyten, esclareceu-me ela mais sobre o pioneiro Museu de Quadrinhos (mencionado no fanzine Historieta #8*), de caráter inovador como uma gibiteca nacional e anterior mesmo à Gibiteca de Curitiba, a primeira oficialmente física no país, desde 1982. Disse-me ela:

1972 foi quando comecei a dar aulas no primeiro curso regular, universitário de HQ no Brasil e no mundo. Isto é correto. Na época, José Marques de Melo era chefe de departamento. Ele fez uma aquisição de jornais antigos e revistas antigas de HQ de um colecionador. E isto tinha um nome: "Museu da Imprensa Júlio de Mesquita Filho".

A parte das HQs ficou oficialmente comigo. Tinha monitores. Havia muita coisa a ser feita, desde catalogação até conservação. O que estava incorporado ao 'museu' passou a ser independente formando uma Gibiteca desde 1972.”

Luyten confirma que ambas, a gibiteca da ECA-USP e a Gibiteca de Curitiba são pioneiras, sendo a da ECA a primeira como o “Museu de Imprensa” (que teria em sua parte interna de acervo, os quadrinhos), e que obteve sua criação e reconhecido oficialmente pelo conselho universitário da USP em 11 DE AGOSTO DE 1970, enquanto que a de Curitiba foi fundada em 1982.


Ela ainda ressalta que a Gibiteca da ECA ficou sob responsabilidade dela desde 1972 a 1984, quando viajou ao Japão, deixando a cadeira de quadrinhos primeiramente nas mãos de Jal e Gual, e depois ao professor Antonio Luiz Cagnin (que foi aluno da Profa. Luyten), que tomou o cargo por ser professor da ECA-USP.

Segundo o “Blog da Biblioteca da ECA” (https://bibliotecadaeca.wordpress.com/2017/08/21/quadrinhos-na-biblioteca/), a coleção de quadrinhos fez parte do Museu de Imprensa “Julio de Mesquita”, do Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA/USP quando depois “foi transferida para a Biblioteca no início da década de 1983, três anos após o Museu ser desativado”. Foi então que, segundo informações no blog referido, criou-se na biblioteca “um setor específico dedicado à catalogação do material e atendimento ao público. A coleção foi aberta à consulta em 1988, mas, infelizmente, a saída de vários profissionais e mudanças na administração da Biblioteca levaram ao fechamento do serviço e a um período de 'exílio' do acervo."

Infelizmente, Sônia confirma a afirmação contida no blog, e segundo ela me relatou, na década de 1980, a chefia de departamento da ECA, com caráter direitista (ainda dentro do período ditatorial), não deu a devida importância ao acervo de jornais e quadrinhos e por questões políticas da época, deixou o acervo largado que acabou tendo parte de seu conteúdo roubado e dilacerado, somente depois tendo uma sala exclusiva e que funciona até hoje dentro da biblioteca da Escola de Comunicações e Artes da USP.

No blog ainda se relata que os quadrinhos não estão cadastrados no banco de dados bibliográficos “Dédalus”, mas pretendem fazê-lo na USP quando obtiverem recursos (esta notícia do blog sobre futuro cadastramento dos quadrinhos foi postada em 2017, durante as 4as. Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, quando houve uma pequena exposição de HQs).

Gazy Andraus, 07/06/2021

*CASSAL, A. B. Existe Mesmo HQ Nacional (ou é força de expressão?). Historieta. #8. Nov. 1984, Porto Alegre: GEO.

Atualizando: como convidada das 2ª Cyberjornadas de quadrinhos da ECA-USP, Sônia abreo evento com uma palestra em que torna a esclarecer esta questão do pioneirirsmo do Museu de Imprensa (e entao de HQ). Link: https://youtu.be/ooXzN3_n3Ro (atualizado em 28/09/2021)