terça-feira, 18 de maio de 2021

CD Pedras Flutuantes de Ciberpajé (a.k.a. Edgar Franco) e Cell (a.k.a. Célia Mann)

Gazy Andraus[1]


Ciberpajé (Edgar Franco) já se tornou um símbolo da arte nacional underground – ou contracultural (e vai se tornando cada vez mais relevante também no exterior). Na verdade, este termo “udigrudi” ou mesmo “contracultura” já está anacrônico, a meu ver, e carece de novas definições e asserções (ou entendimentos). Talvez esta modernidade líquida de Bauman ou então, algo mais ainda não tornado verbo! Mesmo porque as artes plurimidiáticas (ou transmidiáticas) de Ciberpajé externalizam, via arte, a cultura geral atual com seus questionamentos em todos os âmbitos – desde as situações político-sociais aos estados psicológicos do ente humano!

Por isso, dizer que é contracultural não condiz com a acepção de seu teor, por mais que o termo rivalize-se a uma cultura-padrão pré-estabelecida, principalmente devido aos rápidos fatos que vão se sucedendo aos humanos neste planeta.

Nesta esteira, Ciberpajé vem conquistando lugar em áreas mistas das artes, incluindo a da musical experimental, em que nesta paragem tem desenvolvido cada vez mais duetos, empregando os aforismos. Estes, em sua contraparte existem anteriormente também como HQForismos - histórias em quadrinhos com aforismas - idealizadas por Danielle Barros (IV Sacerdotisa) e Edgar Franco (o Ciberpajé) que cada vez mais espalham-se mais.

Nesta nova edição, intitulada de “Pedras Flutuantes”, ele se junta à musicista Cell que também desenha, pinta e dança, num dueto instrumental-sonoro inusitado!

A associação é explicada aqui:

Cell surpreendeu o Ciberpajé ao escolher um de seus aforismos e musicá-lo livremente com sua voz, criando uma faixa atmosférica e intimista, com melodia marcante e a beleza de seu timbre vocal singular. Ao ouvir a incrível faixa - que é o terceiro aforismo do EP, o Ciberpajé convidou Cell para realizarem mais 2 faixas a partir de aforismos selecionados por ela. O Ciberpajé gravou as vozes dos dois aforismos e Cell criou duas novas músicas com a mesma força e impacto da primeira.(https://ciberpaje.blogspot.com/2021/05/lancamento-ouca-agora-ciberpaje-pedras.html?fbclid=IwAR2tv8Hhs47BYVClhrvPlIH6bFQuz-lcxheW2vpOHPCA4Qqae9o33EIhNBs )

Com relação às 3 faixas, que são curtas, trazem em geral uma atmosfera mais “doce”, mas nem por isso ausentes de tons metafóricos e reflexivos.

Particularmente, apreciei sobremaneira o instrumental introspectivo da faixa I – A Beleza Silenciosa, a qual considero a melhor trilha das três (incluindo a possante narração de Ciberpajé, que é seguida pela voz sussurrante-cantante de Cell)! Mas a faixa aforística II – Exorcizar a crueldade também tem uma lúgubre beleza impressionante. Por fim, a faixa III – Pedras Flutuantes, a primeira realizada, embora a mais curta das trilhas, traz de maneira inusitada a voz de Cell narrando um aforismo de Ciberpajé.

O CD tem pouco mais de cinco minutos, mas exemplifica que é “nos pequenos frascos” que se encontram os mais valorosos “perfumes”. Ou então, já que eu não me guio por tais produções odoríferas humanas, eu diria que é nos pequenos seres (beija-flores, abelhas) que se veem produções da natureza de extrema força e fragrância (como a polinização e o mel)!

Mais um detalhe: Edgar Franco, o Ciberpajé, é conhecido por apreciar sons desde os mais singelos aos mais extremos (do Doom Metal, por exemplo), e em geral, desde o início de sua banda Post Human Tantra, vem concebendo sons atmosféricos e duetos que extravasam seu potencial sonoro. Este CD é o primeiro que vejo integral com uma doçura “pungente”, que não destoa de toda sua produção - ao contrário, ratifica o que afirmei - que Ciberpajé se realoca de um extremo a outro, passando por todas as nuances!

Por fim, Ciberpajé não parou também neste período pandêmico, tendo aliás produzido incessantemente. Na verdade, até agora são 35 EPs e 1 CD, com bandas das cinco regiões brasileiras e do exterior, conforme ele mesmo explana em seu blog.

 

  

Artes do CD. Vale ressaltar que Ciberpajé mantém o espírito que envolvia os LPs, especialmente de rock progressivo como os do Yes: uma arte visual “viajante” que se coaduna com a atmosfera sonora produzida, a levar a mente de quem as absorve, para além do lugar-comum! É a isto que também serve a arte!

 

Para saber mais, ver a capa com as artes internas e letras, na técnica inovadora artística do Ciberpajé, acesse aqui: https://ciberpaje.blogspot.com/2021/05/lancamento-ouca-agora-ciberpaje-pedras.html?fbclid=IwAR2tv8Hhs47BYVClhrvPlIH6bFQuz-lcxheW2vpOHPCA4Qqae9o33EIhNBs .

E aqui pra ouvir e baixar o cd: https://ciberpaje.bandcamp.com/album/pedras-flutuantes. Um detalhe: para ouvir cada faixa, basta clicar nelas, mas para baixá-las (ou o CD), pode-se clicar em “Buy Digital Álbum” comprá-lo no valor de 0 (zero) dólar, pois o sistema Bandcamp o vende a este preço também. Clicando assim, vc o baixa grátis inteiro e zipado.

 

Esta resenha, eu a escrevi inteira sob a audição do CD Pedras Flutuantes!

Boa audição-visual!

 

 Gazy Andraus, 18 de maio2021



[1] Pós-doutorando pelo PPGACV da UFG, Doutor pela ECA-USP, Mestre em Artes Visuais pela UNESP, Pesquisador e membro do Observatório de HQ da USP, Criação e Ciberarte (UFG) e Poéticas Artísticas e Processos de Criação. Também publica artigos e textos no meio acadêmico e em livros acerca das Histórias em Quadrinhos (HQs) e Fanzines, bem como também é autor de HQs e Fanzines na temática fantástico-filosófica. E-mail: yzagandraus@gmail.com; gazyandraus@ufg.br;  http://tesegazy.blogspot.com/

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