Devido a uma de minhas postagens de divulgação de meus álbuns Homo Eternus, Larissa Dias adquiriu comigo os meus 3 volumes. Enviei-lhe e não tardou, resenhou todos os 3 álbuns, demonstrando uma minuciosa leitura! Imediatamente após eu tomar conhecimento de suas análises, respondi-lhe perguntando se aceitaria com que eu as publicasse em meu blog, ao que prontamente acedeu.
E devo dizer que fiquei atônito com tamanho esmero e
detalhismo. Gostei demais! Fez-me, inclusive, refletir que foram anos de minha
vida produzindo, e refletindo de acordo com meus sentimentos e impressões do
mundo, da vida, a partir das reflexões amplificadas pelas minhas referências
lidas/vistas etc, tanto na área cultural como na espiritual (e até acadêmica).
Suas análises fizeram-me ver que valeu a pena (e tem
valido). Nem só de construção material e física se faz a humanidade e
sociedades. Como nos remetem os gregos, a filosofia e o pensar sobre a
existência são necessários tanto quanto! E as artes, como estas dos quadrinhos
poéticos igualmente!
Algumas de suas reflexões me deixaram contentíssimo pela seu
entendimento. Na HQ “Luz”, por exemplo, realmente tem a ver com a vida brilhar tanto no fulgor da
juventude como da senilidade.
Já em “Aicnêgrevnoc” que na verdade
é lida de trás pra frente como “Convergência” (duas pessoas já me vieram com esta leitura invertida), e quando construí o título, inconscientemente
talvez, mas com intuição, eu o fiz de propósito para causar esta dubiedade de
algo que não seria “normal” para algo que seria “incrível”: a natureza se
confluindo com homem, pássaro e peixe.
Gosto muito de “O Último Lance” e
realmente traz esta dualidade entre o bem e mal, mas que neste jogo, ambos
aprendem.
Larissa encontrou até novos fatores
que eu desconhecia, nas análises de algumas HQs como na “O Esvanecimento”! Embora
eu conheça um pouco de Jung, não sabia desta questão do processo dos 4 tipos.
Assim, apenas resolvi inserir alguns excertos de minhas
artes, ilustrando seus apartes da minha obra, que por ora perfaz os 3 volumes
que originalmente eram em forma de fanzines na década de 1990.
Enfim, apreciem suas
resenhas, que subdividi em 3 partes, inserindo-as em meu blog:
Vol.1:
http://conscienciasesociedades.blogspot.com/2020/12/resenhas-dos-albuns-homo-eternus-de-g.html;
Vol.2:
http://conscienciasesociedades.blogspot.com/2021/01/resenha-de-homo-eternus-de-g-andraus.html
;
Vol.3:http://conscienciasesociedades.blogspot.com/2021/01/resenha-de-homo-eternus-de-g-andraus_10.html
Começando aqui a primeira resenha.
Gazy Andraus, 31/12/2020 (Link ao álbum na Ed. Criativo: https://www.criativostore.com.br/homo-eternus-graphicbook-volume-1/p )
RESENHA DE HOMO ETERNUS – Volume I
por Larissa Dias (Analista na empresa Scientia Consultoria Científica e Psicoterapeuta
e Orientadora Profissional na empresa Larissa Dias - https://www.facebook.com/profile.php?id=100009061540478)
Conheci este estilo de quadrinhos este ano, o qual o autor
chama de fantástico-filosófico. E realmente esse nome é propício, pois é filosófico
na medida que ao ter contato com suas páginas não há como não questionar ou,
pelo menos, pensar sobre a condição humana, seu condicionamento, procurar
compreender o como, o onde e os por quês. Nem toda obra faz isso, mas eu
agradeço aquelas que fazem, pois atingem uma profundidade dentro de nós que
muitas vezes é difícil de acessar. E é fantástico pois é justamente a dose de
fantasia que nos leva a pensar sobre as mais sérias questões de uma forma leve,
como o tema da morte, por exemplo. O nosso modo social de lidar com ela é
muitas vezes não falando sobre isso, sendo que em cada dia sofremos pequenas
mortes dentro e fora de nós, como um processo natural da existência mundana.
Atualmente, a obra Homo Eternus conta com 3 volumes, estando
o volume 4 previsto para meados de 2021. Como faço com tudo que adoro, vou
descrever minhas impressões sobre ela aqui, com o objetivo de estimular outros
leitores a procurar essa obra tão impressionante:
A primeira história do volume I traz como temática “O Jogo
da Vida e da Morte”. Traz uma belíssima metáfora daquilo que vive em contato
com aquilo que está morto, essa dualidade, essa luta incessante dos opostos. Me
fez pensar no momento da humanidade onde os seres se esquecem do seu caminho e
acabam se tornando mortos-vivos da sua existência. Fora do seu propósito, não
são capazes de criar nada, de gerar uma nova vida pois se perderam de si
mesmos, da fonte. Também me fez lembrar dos inúmeros ciclos mitológicos de
vida-morte-vida que trazem a mesma mensagem: de que a morte é parte da vida e
vice-versa e que sem uma não poderia haver a outra em um processo de renovação,
de uma cruel retroalimentação que faz o mecanismo da existência funcionar.
Em “O Aroma da Mudança” existe uma belíssima profundidade
sobre o encontro com o nosso fim derradeiro e certo. A forma como vemos esse
último processo é o que faz com que possamos apreciá-lo. Mas penso que isso
ocorre com todas as coisas na nossa vida: as doenças, as tragédias, as
catástrofes que nos atingem tem um objetivo e não é a consequência delas que
importa, mas a forma como lidamos com isso. O apego àquilo que achamos possuir
nos traz dor e sofrimento, mas o andar suave pelo fluxo do universo é a mais
bela sabedoria que podemos adquirir.
Em “Pedra Bruta” senti como se as transformações da
personalidade passassem pela nossa “pedra bruta” procurando lapidá-la,
transformá-la. Mas no fim, nada mais somos do que a nossa essência, ela não se
transforma conforme a vida tenta moldá-la, mas ela é o material de base que nos
leva a ser quem somos.
Em “Luz”, me lembrei no mesmo instante de uma poesia de R.
Tagore “Luz, Minha Luz”: nessas duas obras a luz é o que comanda a dança da
vida. Mesmo que tenhamos por vezes que passar pela escuridão se não houver luz
na nossa dança, ela não será vista, nem por nós nem pelos outros. Um amigo uma
vez me disse “se você dançasse no escuro, seria uma joia pendurada na noite”.
Acho que a luz que carregamos é o que nos faz brilhar diante dos olhos do
eterno. E como tudo, precisamos saber que um dia o fim chega mas que a luz deve
brilhar tanto no fulgor da nossa jovialidade como na serenidade da nossa
velhice. Assim, não importa o momento de vida, sempre estaremos seguros que
nossa existência valerá a pena.
Como “Hurizen” é profunda e traz a temática daquilo que o
ser humano sempre tenta: dominar! Me lembrou os deuses que precisam que os
humanos lhes façam orações para que sejam poderosos, pois sem elas, eles não
seriam nada. O tudo realmente depende do nada para lhe caracterizar, afinal, os
opostos da vida são o que trazem o movimento e o movimento é a existência. Seja
nos processos físicos como nos espirituais, essa dualidade sempre fará com que
os opostos em eterno atrito gerem uma força vital capaz de fazer chocar o ovo
do novo. E creio que toda divindade verdadeira sabe disso.
Que belíssimo simbolismo do Homem, do Peixe e do Pássaro em
“Aicnêgrevnoc” (“Convergência”), me fez pensar nos símbolos da serpente junto
ao peixe da fênix junto ao pássaro da história. Aquilo que rasteja, nossas
sombras mais profundas e aquilo que voa, nossa existência mais luminosa e
sublime em união com nossa passagem pela existência da humanidade. Me deu uma
sensação de liberdade, de movimento e de poder, mas não poder que aprisiona,
mas sim o poder que liberta, aquele livre das amarras dos condicionamentos
sociais, familiares, religiosos, etc. É como se o homem pudesse ultrapassar
suas barreiras para todos os lados, como se pudesse se jogar no meio do seu
inferno sem ser consumido pelas sombras que o constroem e como se pudesse fazer
o voo de Ícaro sem se queimar com calor extremo da luz do seu sol.
O desenho final dessa história é de uma beleza que nem
consigo descrever! Talvez no dia que eu for capaz de trazer essa união
mencionada nessa história, as palavras venham de uma forma mais ordenada e eu
possa colocá-las no papel.
(em breve a 2ª parte)
Uau... que profundidade!!!
ResponderEliminarE essa Aicnêgrevnoc... Tudo que precisamos para a grande cura!
Feliz por acessar a Beleza através da Arte!
Gratidão!
Sim, Tania, a resenha de Larissa é fenomenal por abranger com profundidade essas minhas HQs! Bom saber que gostou! Abs.
EliminarObrigada Tânia! Fico feliz que gostou 🤗😁🌟🙏
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