Refletindo acerca das revoltas
dos últimos dias (já passou bem mais de uma semana seguida desde um início dos
ônibus atacados em Goiânia e a coisa explodiu), considerei como o Brasil chegou
ao que aparenta: um país “rico”, com petróleo do pré-sal: camada profunda
geológica que antecede a camada de sal. Área muito profunda que foi vislumbrada
quanto à possibilidade de petróleo desde a década de 1970, mas que só se
confirmou graças às possibilidades tecnológicas entre 2006 e 2007 -http://www.passeiweb.com/saiba_mais/atualidades/1252441608.
Dali por diante o gigante-brasilis começou uma corrida tresloucada para
ganhar dinheiro a todo custo com o petróleo advindo da confirmação das camadas.
O que se explica a que chegamos, facilmente: o Brasil vinha caminhando até a
década de 1970 e 80 com dívidas externas “eternas”, população extremamente
pobre principalmente na sequidão do Nordeste, e inflação que cavalgou o dragão
e atingiu os píncaros de mais de 80% mensais na segunda metade da década de 1980! Os
impostos altos e o pouco retorno governamental honesto, temperado com incrível
corrupção que foi se avolumando até agora, externalizaram um Brasil que, aos
estrangeiros, parecia um carnaval feliz futebolístico, mas que a nós, em
realidade, demonstrava um desmesurado desequilíbrio social com poucos
extremamente ricos e afortunados financeiramente e a maioria atormentada com endividamentos
e gastos homéricos à sobrevivência devido aos impostos gigantes que não eram
revertidos em melhorias, e sim, aos bolsos dos políticos e empresários (igual
ao que ocorre agora).
Porém, o que ocorreu com o Brasil
“revertido” que saiu de subdesenvolvido terceiromundista a um gigante que dá a
impressão de “emergente” tem uma explicação até mesmo simples (mas não
simplória).
Ora, vejamos:
- com essa febre do “ouro” do
Pré-sal, as negociações com as multinacionais e estrangeiros se tornou
imperiosa aos bilhões envolvidos (não à toa a torcida para a copa do mundo ser
aqui: chances de obter lucros imensos com as verbas para estruturar a copa – e,
claro, negociatas lícitas e ilícitas gigantescas aos montes – e para poucos);
- a política brasileira vinha num
caminhar tímido (dívida e-x-terna e inflação, e quando a coisa foi se
dirimindo, todo o foco governamental nacional (e regional) foi sendo
reconduzido às negociatas de nossos governantes em todas esferas para as
empresas em geral, principalmente estrangeiras, que renderiam bilhões – de
novo, aos poucos que conduzissem as negociatas: exemplo claro: empreendimentos
imobiliários que pipocaram e ainda pipocam à exaustão, com prédios para os
novos ricos e executivos, principalmente aos que estão sendo realocados aos
trabalhos, sejam brasileiros magnatas, executivos e/ou estrangeiros que aqui
aportam para esta nova “missão” capitalista saleira brasileira. As cidades de
Santos e Espírito Santo são exemplos básicos disso: o aparecimento exponencial
de prédios de alto padrão bem altos, para os poucos que neles poderão residir;
- assim, com tal política, as
mazelas brasileiras que vinham SE AMONTOANDO desde décadas anteriores,
continuaram sendo escanteadas para a lateralidade, cada vez mais, lembrando que
os impostos continuaram firmes, mas as estruturas básicas (educação e saúde)
sequer foram realmente repensadas, devido, repito, ao padrão de pensar
mental-político que se foi automatizando (capitalisticamente falando) desde antes.
O que explica porque a população começou a se cansar, finalmente, de ser espezinhada;
- estruturas péssimas na
educação, saúde, infraestruturas (ferrovias sumiram, portos defasados e
estradas esburacadas e mal sinalizadas que precisam de pedágios privatizados
para serem bem cuidadas), mostraram ao
cidadão nacional que a “coisa” só aumentava: impostos altos a cada vez, sufoco
aumentado dificultando sua vida profissional e pessoal (trabalhos longos e
estafantes com um mínimo de salário e quase nada de fruto útil para si), e
então, graças, de certa forma, às redes “neurais virtuais” da internet
(facebook que emplacou reveses às políticas tiranas como se viu nos países
árabes), as pessoas começaram a deslanchar seus reclames e críticas, unindo-se
cada vez mais, até que eclodiu uma externalização que já havia vez ou outra
(manifestações contra aumento de ônibus sempre existiram no Brasil, só que
desta vez ganharam “reforços”), que “linkaram” outras causas que tais,
incluindo o massacre imputado ao povo por parte do governo, no que concerne à
corrupção clara denunciada a todo momento pelas mídias nos desmesurados (des-)gastos
dos superfaturamentos de obras dos estádios à Copa do Mundo!
Eis o resumo das razões de porque
eclodiu o que tinha que começar a eclodir:
- O Brasil descuidou de um
projeto real e amplo de melhora social, pois cada qual dos governantes e seus
partidos orientou-se apenas (e se orienta) por um egoístico modo de viver,
pensando apenas em seus benefícios e excluindo todos os outros partidos, e
então, a população geral, de seus projetos (na verdade o ser humano é indolente
por natureza, e precisa de uma real educação e moral para superar tal vício, e
isso impera em todos, não só políticos).
Ora, se não há projetos corretos que contemplem a melhora social em todas as
áreas e níveis, não há porque pensar que o Brasil é um gigante rico, pois sua
riqueza se exemplifica inútil e mal utilizada, tal qual a Caixa-Forte do ávaro Tio
Patinhas das HQs de Walt Disney: o pato antropomorfizado só pensa em coletar
seu dinheiro e de forma privada, o que faz é mergulhar literalmente nele, dentro
de seu prédio, desconsiderando tudo que está do lado de fora e ao seu derredor
(igualzinho ao que nossos políticos e empresários nacionais e multinacionais
fazem)! Note a semelhança total com nossa classe política demagógica (ao menos,
patinhas não era demagogo em sua personagem, pois claramente reitera seus
anseios capitalistas...pensando bem, nossos políticos extravasam tão
indecentemente suas ações e condutas – vide caso Renan Canalheiros – que se
assemelham ao Patinhas, diferenciando-se apenas no quesito “ingenuidade”...ao
que penso Patinhas sê-lo mais do que os espertos políticos, simplesmente por
ser um personagem desenhado – o que não quer dizer que não traz seus ideários,
os quais, porém, mesmo tendo lido, nunca me seduziram).
De toda maneira, aos que não
sabem acerca da ciência, a física quântica demonstra que tudo é interligado e
todas as coisas no universo se influenciam numa gigantesca e invisível rede de
teias: se eu balouçar um pedaço dela, todo o restante vai senti-lo, mesmo
distante e aparentemente desconectado dela, modificando os destinos (ciência
fractal). Ou seja, se minhas ações políticas fundamentam-se apenas na egoística
vontade minha (e de meus comparsas políticos), vertendo para um círculo
reduzido toda sorte financeira, lícita e/ou ilicitamente (ou ainda tornada
“lícita” à força, mesmo que imoral, como os são os salários magnânimos que se
dão), eu afeto toda a teia da vida. E isso vai repercutir em desequilíbrios, e
em retornos que no mínimo se equivalem à lei da ação de reação newtoniana, mas
não só, indo além, a ações quânticas e fractais derivativas muito mais amplas e
complexas, como o efeito borboleta).
É o que estas insurgências que se
iniciaram agora no Brasil estão demonstrando, em que as mentes dos “revoltosos”
se conectam neural e virtualmente pela conexão virtual da Internet, fazendo as
vezes das mentes que teriam se desenvolvido mais (mas não se desenvolveram), e
achando nessa modalidade substituta virtual que também funciona (as redes
virtuais que “linkam” e impulsionam nossas mentes) uma chance de propagar suas
insatisfações e fazê-las girarem na tridimensão de maneira mais material e
pungente.
Gazy Andraus, São Vicente (tantas
cidades com nomes de santos e a maioria renega suas santidades...São Vicente é
a primeira vila fundada oficialmente no Brasil, onde se instaurou a primeira câmara
brasileira; e onde a corrupção já foi das maiores da nação...e cuja empresa de
ônibus urbano é das que têm a tarifa talvez mais cara do Brasil, com constantes
maquiagens de planilhas...e o IPTU dos mais altos. E sabem a razão desse
imposto alto? A Prefeitura me respondeu uma vez, quando reclamei dizendo que a
população daqui por ser pobre não deveria ter um IPTU caro como o é.
Retorquiram-me que o imposto tinha que ter tal valor – vejam o absurdo da
resposta – porque a cidade é “pobre”. Logo, a lógica da Prefeitura é arrecadar
mais dos “pobres” para que o cofre público possa pagar os serviços...criando
inadimplentes. Mas, claro, não pensaram também nas condutas corruptivas que
desandam na cidade e altos salários de vereadores e prefeito...eis a primeira
vila fundada e “afundada” do Brasil; eis de onde vem o símbolo do mal exemplo
do emprego de verbas públicas e de malversação do erário financeiro
municipal!).
Dia 26/06/2013, durante a fase em
que a população brasileira tem demonstrado sua insatisfação com relação à
política nacional em geral.
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